Médico PJ x Autônomo: Qual opção paga menos impostos?

Se você é médico e já se perguntou se vale mais a pena atuar como pessoa jurídica (PJ) ou como autônomo, saiba que essa é uma dúvida muito comum — e importantíssima. Afinal, ninguém quer trabalhar duro e acabar pagando mais impostos do que o necessário, certo?

A escolha entre ser PJ ou autônomo impacta diretamente o quanto você paga de tributos, a forma como emite notas fiscais, sua organização financeira e até mesmo as oportunidades profissionais que você pode acessar. Então, para te ajudar nessa decisão, vamos comparar os dois modelos e entender, de fato, qual deles faz mais sentido para o seu bolso.

O que significa ser médico autônomo?

O médico autônomo é aquele que trabalha por conta própria, sem vínculo empregatício e sem a constituição de uma empresa. Ele pode atender em clínicas, hospitais ou até mesmo em domicílio, e emite recibos (geralmente o famoso RPA — Recibo de Pagamento de Autônomo) para comprovar seus serviços.

No entanto, apesar de parecer mais simples, ser autônomo pode pesar no bolso. Isso porque a tributação é feita com base na tabela progressiva do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), que vai de 7,5% a 27,5%, dependendo do valor recebido. Além disso, há o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que também deve ser pago mensalmente, com alíquota de até 20% sobre os rendimentos.

E não para por aí: dependendo da cidade, ainda é necessário pagar o ISS (Imposto Sobre Serviços), com alíquota que varia entre 2% e 5%.

Ou seja, a carga tributária pode ultrapassar facilmente os 40% da sua renda — um valor que assusta, especialmente para quem fatura mais.

E o que é ser médico PJ?

Ao optar por atuar como PJ, o médico abre uma empresa (geralmente uma sociedade unipessoal ou uma LTDA) e passa a emitir notas fiscais como pessoa jurídica. Esse modelo é cada vez mais comum na área da saúde, especialmente entre médicos que prestam serviços para hospitais, clínicas ou empresas de saúde.

A grande vantagem aqui está na tributação. Como PJ, o médico pode optar pelo Simples Nacional, Lucro Presumido ou, em casos específicos, pelo Lucro Real — embora esse último seja raro para médicos liberais.

Simples Nacional

Se a atividade da empresa estiver enquadrada no Anexo III ou V do Simples Nacional, a alíquota inicial pode ser de 6% a 15,5%, dependendo do faturamento e da quantidade de funcionários. Vale destacar que, quando a folha de pagamento representa mais de 28% do faturamento, é possível ser tributado pelo Anexo III, que tem as alíquotas mais baixas.

Lucro Presumido

Já no Lucro Presumido, o imposto é calculado sobre uma “presunção de lucro”, que para atividades médicas é de 32% do faturamento. Com isso, a alíquota efetiva gira em torno de 13,33% a 16,33%, dependendo do município (por conta do ISS).

Comparado ao modelo autônomo, onde a carga pode ultrapassar 40%, ser PJ pode representar uma economia tributária de mais de 20%.

Outras vantagens de ser PJ

Além da carga tributária reduzida, atuar como PJ oferece mais profissionalismo ao médico. Muitas empresas e hospitais hoje só contratam médicos PJ, o que significa que, ao abrir um CNPJ, você amplia suas oportunidades no mercado.

Outro ponto positivo é a possibilidade de deduzir despesas da empresa, como aluguel de consultório, equipamentos, materiais, entre outros — algo que não é possível como autônomo.

E vale lembrar: como PJ, o médico ainda pode realizar um planejamento tributário mais eficiente, com apoio de um contador especializado, ajustando o modelo conforme o crescimento da sua renda.

E as desvantagens?

Nem tudo são flores. Abrir e manter uma empresa tem seus custos, como contador, taxas de abertura, despesas administrativas e obrigações acessórias. No entanto, esses valores geralmente são baixos quando comparados à economia tributária que um PJ pode ter em relação ao modelo autônomo.

Além disso, ser PJ exige mais organização. É necessário emitir notas fiscais, controlar o fluxo de caixa, manter livros contábeis em ordem e estar sempre atento às obrigações legais.

Então, qual paga menos impostos?

Na grande maioria dos casos, o modelo de médico PJ paga bem menos impostos do que o modelo de autônomo. A diferença pode ser significativa, principalmente para quem tem uma renda mais elevada.

Vamos a um exemplo simples:

  • Um médico autônomo que fatura R$ 25.000 por mês pode acabar pagando cerca de R$ 10.000 em impostos (entre IRPF, INSS e ISS).
  • Um médico PJ, no mesmo cenário, pode pagar algo em torno de R$ 4.000 a R$ 5.000 em tributos, considerando o Lucro Presumido.

Ou seja, a economia anual pode ultrapassar R$ 60 mil. Nada mal, né?

Se o seu faturamento mensal já está acima dos R$10 mil e você atende com regularidade, a opção por atuar como PJ é, na maioria das vezes, mais vantajosa do ponto de vista fiscal. Mas atenção: cada caso é um caso.

Antes de tomar qualquer decisão, é fundamental contar com a ajuda de um contador especializado na área da saúde. Ele vai te ajudar a entender todos os detalhes, analisar seu perfil e montar o melhor plano tributário para a sua realidade.

No fim das contas, o que importa mesmo é poder focar no que você faz de melhor: cuidar da saúde dos outros — enquanto alguém cuida da saúde da sua empresa.

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